segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Freitas é lembrado no site do Sindicato dos Metalúrgicos - Ex-presidente Freitas falece aos 63 anos de idade




O Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita lamenta informar para a categoria o falecimento do ex-presidente João Jorge de Freitas Lima, popularmente conhecido no meio sindical como Freitas ou “Freitinhas”.



Hospitalizado desde o mês passado, Freitinhas não resistiu a complicações decorrentes de uma pneumonia e faleceu aos 63 anos de idade de falência de múltiplos órgãos na madrugada desta segunda-feira, 19 de setembro. O corpo foi velado na Capela 3 do Cemitério Ecumênico Cristo Rei, em São Leopoldo, e sepultado no Crematório Metropolitano Cristo Rei no fim da tarde.

Freitas deixa esposa, dona Marisa de Oliveira Lima, e dois filhos, Jeverton Alex e Mariele de Oliveira Lima, advogados que hoje prestam assessoria jurídica para o nosso sindicato, pessoas a quem a entidade dedica a máxima solidariedade neste momento de luto e consternação.

TRAJETÓRIA DE LUTA

Freitinhas iniciou sua militância sindical nos anos 70, em plena ditadura militar, época na qual pessoas que lutavam por democracia e justiça eram considerados uma ameaça ao regime e tratados como se fossem bandidos, terroristas, subversivos, entre outras denominações. Flagrados fazendo articulações e manifestações políticas, eram presos, torturados e, não raro, mortos ou "desaparecidos".

Nem mesmo o fato de Canoas ser "área de segurança nacional" por sediar a Petrobrás e os quartéis da Aeronáutica e do Exército, impediu que, em 1975, com 27 anos de idade, muita coragem e determinação, já como caldereiro da antiga Coemsa (hoje Alstom), Freitinhas se associasse ao Sindicato dos Metalúrgicos e, algum tempo depois, junto com outros companheiros e companheiras de fora da categoria (entre eles, a hoje presidenta Dilma Rousseff e seu marido, o advogado Carlos Araújo, o professor Adair Barcelos, o atual deputado Ronaldo Zulke e o ex-ministro e ex-governador Miguel Rossetto), iniciasse uma oposição metalúrgica em Canoas. Mesmo reunindo-se às escondidas, esta oposição ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores no RS em 1980 e, um ano depois, venceu as eleições do sindicato.

Freitinhas, junto com outros importantes e históricos companheiros, entre eles o então presidente Paulo Paim (hoje senador) e os aposentados Sérgio Matte (ex-presidente da Federação dos Metalúrgicos) e Maria Eunice Wolf (atual secretária Especial de Estratégia e Inovação da Prefeitura de Canoas), ajudou a implantar aqui em nossa base o novo modelo sindical criado por Lula da Silva no ABC paulista, que, na esteira da abertura política, serviu de base para a fundação da CUT em 1983 e contribuiu para a volta da democracia a partir de 1985.

Doze anos se passaram e, inconformado com as irregularidades e com a falta de democracia e transparência imposta pelo ex-presidente Gilmar Pedruzzi - sucessor de Paulo Paim na presidência do sindicato - Freitinhas encabeçou mais uma chapa de oposição em 1993. Junto com ele estavam outros companheiros cutistas que, ao vencerem aquela eleição, deram um novo rumo de conquistas para a categoria, entre eles o atual presidente da Câmara Federal, Marco Maia, o ex-presidente e atual deputado estadual Nelsinho Metalúrgico, o atual presidente da Federação dos Metalúrgicos, Flávio de Souza, o Flavião, e o atual presidente Paulo Chitolina. Herdando uma base metalúrgica desunida e um sindicato falido e sucateado, Freitas enfrentou as adversidades, manteve a luta e teve mão de ferro e inteligência para reerguer moral e financeiramente a entidade durante os seis anos (1993 a 1999) em que presidiu o sindicato.

Durante os anos 1990 e 2000, embora tenha se aposentado como metalúrgico e sindicalista, Freitinhas nunca deixou de trabalhar e militar. Foi candidato a vereador, ajudou os movimentos sociais e, durante os governos municipais de Sandra Silveira e Gilmar Rinaldi, de Esteio, desempenhou importantes cargos na Administração Pública. Por último, era diretor da Secretaria de Obras e Viação da cidade. Freitinhas também nunca deixou de acompanhar o sindicato e suas lutas. Representou como poucos os metalúrgicos aposentados, participou das principais assembleias e foi assíduo frequentador e fiscalizador da entidade, especialmente a Colônia de Férias, em Mariluz, estrutura que ajudou a ampliar e remodelar e pela qual nutria um carinho todo especial. Nas últimas aparições no sindicato, entre maio e julho deste ano (, Freitinhas ajudou a construir apoios e a chapa que, empossada em 1° de setembro, renovou em mais de 40% a direção do sindicato e derrotou um grupo político que, por meio de ataques e mentiras, irresponsavelmente tentou destruir a trajetória de lutas e conquistas das direções cutistas que se sucederam nos últimos 18 anos.

DEPOIMENTOS

"O Freitas deixou um grande legado para o movimento sindical gaúcho, um exemplo a ser seguido pelas novas gerações de dirigentes sindicais de nossa base. Eu e outros companheiros da atual direção aprendemos muito com ele e com certeza vamos dar seguimento ao trabalho que fez no passado", disse o atual presidente Paulo Chitolina.

"Freitas foi fundamental na construção política e estrutural do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas. No passado, também ajudou a construir e fortalecer a nossa federação e a CUT. Mais recentemente, teve papel importantíssimo na luta para manter nosso sindicato unido e nas mãos de pessoas comprometidas com a luta. Vai deixar muitas saudades entre os companheiros e companheiras de luta", avaliou Flávio de Souza, o Flavião, secretário-geral de nosso sindicato e presidente da Federação dos Metalúrgicos.

"A história também foi feita por mentes e corações que não inscreveram seu nome na política institucional, mas que o deixaram esculpido em todas as lutas pela democratização do país, pela dignidade do trabalho, pela solidariedade de classe, pelos ideais de uma sociedade com justiça social. Entre estes combatentes generosos, aos quais o poeta Berthold Brecht referia-se como "indispensáveis", figura agora em nossa memória o recém falecido companheiro João Jorge de Freitas Lima, o Freitinhas", escreveu o deputado federal Ronaldo Zulke no artigo "Freitas: um indivíduo na história".(leia abaixo)




Na foto montagem acima, Freitas em 1993, na vitória da Chapa 2 e em 201, num ato de apoio à candidatura de Paulo Chitolina presidente do sindicato

Por: Geraldo Muzykant - Jornalista e assessor sindical
veja no site do Sindicato

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