Fragmento do texto "Entre o prazer e o direito, um elogio à emancipação das pessoas".
As revoluções tecnológicas incidiram diretamente no comportamento das tribos, que se tornaram cidades-estado, reinos e, mais recentemente, concebeu-se o estado-nação. Com o aprimoramento tecnológico surgiram as indústrias, a produção em série e a concentração humana nos grandes centros urbanos. Por todo esse percurso os indivíduos trazem consigo as angústias decorrentes dos tencionamentos entre o desejo de cada um e a vida coletiva.
Para Hanna Arendt, os conflitos entre o universo individual e o coletivo é mediado pela política. Em decorrência deste ponto de vista, Hanna conclui que a política não está no homem, mas entre os homens. O momento de crise da política está diretamente relacionado a crise das civilizações. O descrédito da política tem relação com a ideia de fracasso social. No século XX a humanidade viveu as experiências do totalitarismo genocida, racista, homofóbico e as grandes guerras mundiais.
Nesse período a tecnologia foi determinante para que a falência da política fosse apresentada à humanidade, como a possibilidade de sua própria destruição. Os ataques nucleares imprimiram nova dinâmica entre as civilizações. O sucesso de determinadas civilizações organizadas em seus respectivos territórios políticos, apesar de seu desenvolvimento tecnológico, manteve-se relacionada a capacidade de agir em conjunto com o conhecimento voltado à destruição e dominação do outro.
Aqui temos motivos suficientes para qualquer pessoa ter aversão a política. Ocorre que essa contrariedade cria as condições ideais de controle sobre os indivíduos. Porém, o grande equívoco decorrente da negação da política está na fragilidade do indivíduo perante a força coletiva que se deposita nas mãos daqueles que não negam a política. Hoje, no Brasil pelo menos, o sistema representativo elege os dirigentes públicos dos poderes Legislativo e Executivo, seja no município, nos estados ou no território político da nação brasileira.
O desafio de nossa nação é garantir para cada indivíduo as oportunidades fundamentais à vida. Somente assim é possível compreender esse espaço territorial como uma nação, pois não existe sociedade em que somente uma das partes é beneficiada, ou seja, tal situação jamais pode ser chamada de sociedade.
Teremos então outras nomenclaturas mais apropriadas, com definições conceituais mais honestas ao utilizar termos como ditadura, totalitarismo ou outro termo que aponte a extinção da participação no poder de uma das partes e a definição deste segmento como parte escravizada. A lógica desse sistema tem uma fina sintonia de fidelidade com a ideia do totalitarismo, que saltou aos olhos diante das terríveis experiências políticas vividas pela humanidade no decorrer do século XX.
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