
Com a participação de ex-presos políticos e familiares, militantes
partidários e de movimentos sociais, o CPMVJ e o Levante Popular da
Juventude realizam, às 17h, um esculacho silencioso em frente ao Hospital de
Caridade, que na década de 70 abrigava um quartel que
funcionou como mais um centro de prisões e torturas de membros da Vanguarda
Popular Revolucionária – VPR e moradores da Região. As 18h ocorre novo
ato público na Concha Acústica, da Praça Reneu
Geraldino Mertz, que foi vereador da oposição e preso político na ditadura,
e posteriormente prefeito da Cidade.
Ex – presos políticos relataram que
agentes do DOPS se deslocaram para Três Passos sob a coordenação do atual Coronel Paulo
Malhães, o mesmo torturador que organizou a “Casa da Morte”, no RJ. Tanto os
presos como os moradores da região recordam da noite
em que todos os presos foram torturados, e que ficou conhecida como “A noite de
São Bartolomeu”, em alusão ao massacre de protestantes ocorrido na França, em
1572.
Além de Reneu Geraldino Mertz estavam,
entre dezenas de presos, José Bueno Trindade, na época também vereador em Três
Passos, o líder do grupo, o italiano Roberto de Fortini e sua companheira Nádia, e o estudante Antonio Alberti Maffi, eleito prefeito de
Braga, em dois mandatos.
A VPR, sob o comando de Fortini - que atualmente reside na Argentina e deverá participar do
ato – organizou em Três Passos uma empresa de pescas e uma loja de pescados, que serviam de fachada para suas
atividades clandestinas. Para eles o Rio Uruguai era o caminho que ligava três
países e três estados, se configurando, portanto, como área estratégica para
formar uma guerrilha e derrubar a ditadura. Para Três Passos seriam deslocados
outros membros da organização, além do Capitão Carlos Lamarca, que comandaria
as operações do grupo.
A região também é conhecida pelo famoso “Levante dos
Quartéis de Três Passos”, ação em que muitos militares se rebelaram contra a
Ditadura, sendo, perseguidos, presos e torturados pelo regime.
Após os atos, o Comitê Popular Memória,
Verdade e Justiça vai repassar os contatos e maiores informações às Comissões
Nacional e Estadual da Verdade, para melhor apuração e registro dos fatos.
Considerando que uma grande parte da história repressiva encontra-se no
interior do Estado, onde muitas vítimas da ditadura estão vivas e dispostas a
falar, os membros do Comitê pretendem incentivar a criação de novos órgãos
locais de apoio às Comissões.
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