
Nunca imaginei que uma das pessoas das minhas relações pudesse chegar a Presidência da República. Hoje posso dizer que duas pessoas das minhas relações conquistaram o cargo político mais importante do Brasil. Vale informar que conheci o companheiro Lula em Ijuí, na década de 90. Na época ingressava no PT pelas vias de uma corrente chamada nova esquerda. Me chamou a atenção a sensibilidade política daquele homem que olhou para mim, diante de um círculo de autoridades e perguntou se tinha algum critico as ideias políticas que havia apresentado, que acredita poder fazer melhor do que está sendo feito, então venha para meu lado, disse ele, com uma sinceridade marcante que deixou um silêncio no ar. Claro que depois disso, chato do jeito que sou, me filiei ao PT e passei a fazer campanha enlouquecidamente, já que aquele metalúrgico doido estava fazendo toda aquela mobilização, fiquei constrangido do meu sedentarismo político e também do meu retardo mental provocado pelo isolamento de cinco ando de caserna. Porém, para chegar à presidência da república tinha um probleminha. Eu chamava de teto eleitoral. Era o tamanho da esquerda e seus simpatizantes. Então o PT, na presidência de Zé Dirceu, virou a mesa e iniciou a construção de um espaço programático na política em que o PT poderia se relacionar com outros partidos e constituir novos padrões na política de alianças. A ideia sustentada pelo Zé foi muito mal vista pelos gaúchos. Pelo que lembro, a nova esquerda se viu acuada diante das raivosas manifestações da esquerda tradicional. Nesse tempo apoiei o Zé e a política de alianças programáticas com a esperança de chegar à presidência. Surge então a composição do capital com o trabalho. O capital era representado pelo candidato a vice-presidente Zé Alencar. No meio do turbilhão político fiquei confuso e encontrei por si uma saída para meu posicionamento. Diante do impasse resolvi apostar na opinião do companheiro Lula, que combinava com as disputas de ideias que travava com a esquerda tradicional naquele tempo. A participação de Zé Alencar propiciou avançar sobre a barreira dos eleitores petistas, simpatizantes e mudou a história do Brasil e do mundo. Não o conheci pessoalmente, mas chorei a sua morte ao ver as lágrimas do companheiro Lula na TV. Por isso, creio que Zé Alencar tenha sido uma das pessoas mais importantes da nossa civilização contemporânea. Que mudou paradigmas da esquerda e da direita no mundo todo a partir da experiência política vivida no Brasil com a vitória de Lula. A foto do Ricardo Stuckert registra o Presidente Lula e o vice-presidente, José Alencar, comemorando a extração do primeiro óleo do pré-sal no campo de Tupi, no Rio de Janeiro. Inicia-se uma nova era. Obrigado Zé Alencar.
Charles Scholl
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