A pessoa que
entra num Partido faz opção, toma atitude, define-se. Para quê? À-toa não é.
Pelo contrário, ela quer muito. Tem ambição. Ela busca o Poder. O Poder é a
realização dessa pessoa. O Poder lhe dará condições de extravasar a
personalidade. E o Partido é o instrumento para escalar os degraus do Poder.
Os limites da
capacidade de cada um estão no preparo, na vocação e na competência. Alguns vão
mais longe. Outros, menos dotados ou menos inescrupulosos, empacam na planície.
O Poder apresenta-se com inúmeras facetas. Por via de eleições, podemos chegar
ao Executivo, ou, ainda, ao Legislativo. Ou seremos administradores ou
legisladores. Cada um seguirá sua tendência.
No entanto, não é
só o partidário que é o politico. Há gente que milita na política, sem estar
integrada em Partido nenhum. Por quê? Porque todo ser humano é político. Porque
todos nós somos gregários, não sabemos viver sós. Temos de viver em
comunidades, pequenas ou maiores. E, para essa convivência, há que haver
disciplina, regras, leis. Os próprios homens é que vão fixar essas normas de
convívio. Dai é que surgiu a necessidade de criar um órgão para fazer leis, e
outro, para executá-las.
Curioso é que ninguém é apolítico. O indivíduo pode até
dizer que não é político. Pode até afirmar que detesta a política. Nisso, já
estará sendo político. Se convive com os
outros, obedece às leis feitas pelos homens, estará cumprindo o seu papel de
animal político, aceitando o jogo imposto pela sociedade, o que é uma solução
política para a sobrevivência do homem. Esse indivíduo é, por excelência, um
animal político. Toma atitude. Opta. Define-se.
Diz um esperto
ditado popular: “Cada povo tem o governo que merece.” E é verdade.
Terrivelmente verdade. Se o povo procura o candidato para tirar proveito
pessoal (e não coletivo!), ele está sendo incorreto, desonesto. Se o povo
achaca o político para lhe arrancar o pagamento da conta de luz, de água, a
compra de um par de sapatos, de botinas, e por aí afora, ele não estará agindo
moralmente bem. Estará corrompendo o político. Não poderá, no futuro, exigir ou
cobrar nada dele. A conta já esta paga.
Agindo dessa
forma, o povo está vendendo o seu direito de cidadania, o único do qual não
precisa dar satisfações a ninguém. Está renunciando à voz da própria
consciência. Está comercializando o que há de mais sagrado: o voto. Está
abdicando de sua capacidade de aprimorar a democracia. O povo estará jogando
fora a sua única arma para eliminar a demagogia, que é o pior defeito da
democracia. Estará transformando a arte política num reles balcão de negócios.
Nos países
desenvolvidos politicamente, se um candidato propuser ao cidadão alguma
vantagem para granjear seu voto, será imediatamente denunciado, julgado e condenado,
porque isso é crime eleitoral. As pessoas, ali, têm consciência do valor de seu
voto. Jamais o trocam por um prato de lentilhas. O sentimento de cidadania é a
acentuadamente ético.
Depende só de
nós, depende só do povo, depende só do eleitor aperfeiçoar a democracia
brasileira. A oportunidade está em nossas mãos. A culpa será nossa, no caso de
a vitória demorar. Só nós temos esse poder de tornar o Poder mais limpo, mais
decente, mais ético.
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