sábado, 6 de setembro de 2014

"Nova política é o que está sendo feito aqui", diz Boaventura em conversa com Tarso


O candidato à reeleição pela Unidade Popular pelo Rio Grande (PT, PCdoB, PTB, PR, PPL, PTC, PROS) Tarso Genro recebeu o professor Boaventura Sousa Santos em um bate-papo online na manhã deste sábado (06). Por quase uma hora, eles responderam perguntas dos internautas com o tema “nova política”. A conversa foi transmitida ao vivo pela internet e contou com centenas de participações que vieram de todo o país.

O sociólogo português comentou o fenômeno de renovação da política surgido após as manifestações de junho do ano passado. Boaventura acompanha de perto a política brasileira há mais de 30 anos e afirmou que a proposta da presidenta Dilma Rousseff de um plebiscito pela reforma política foi uma ação que respondeu à demanda das ruas.

“Não vi nada na Marina Silva que pudesse criar uma identificação dela com as manifestações de junho”, disse o sociólogo.

Tarso criticou a proposta de autonomia do Banco Central afirmando que, dessa forma, o BC ficaria independente do Governo, mas não do mercado financeiro. Ele também reforçou que é contra a visão de redução de gastos públicos para enfrentar a situação financeira do Estado e repetiu o compromisso de aumentar investimentos em saúde, segurança e educação.

Boaventura citou os exemplos europeus de austeridade, redução das funções públicas do Estado e método de enfrentamento das dificuldades através de cortes em investimentos públicos. Para ele, essas medidas são “uma crônica da morte anunciada do Estado”.

Lerdos x Rápidos: a definição da política pela velha ótica conservadora

O governador rebateu o discurso da oposição que nega a política. Para Tarso, a visão de que “o mundo não se divide mais entre direita e esquerda, mas entre rápidos e lerdos”, defendida pela sua principal adversária, “representa um mundo no qual os lentos são aqueles que não estão vinculados aos setores mais dinâmicos da economia e precisam de políticas públicas do Estado”. A proposta, no fundo, argumentou Tarso, “é abandonar o povo e ter uma economia eficiente na ponta para deixar os lentos para trás e aumentar o processo de acumulação dos mais rápidos”.

“Essa ideia do fim da política é uma ideia absolutamente conservadora. A luta pela democracia participativa, que tu és um grande símbolo internacional e trabalhou nisso como ministro e agora como governador, é que anuncia a nova política. A nova política está sendo feita aqui. O resto é tudo slogan para reproduzir a velha e a velhíssima política”, afirmou Boaventura.

Assista a conversa na íntegra aqui: https://www.youtube.com/watch?v=5lABj-Hxw9Q

Boaventura Sousa Santos

Boaventura é professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick. É igualmente Director do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra; Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa.

          
Foto: Caco Argemi/UPPRS

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