terça-feira, 17 de janeiro de 2012

URBANIDADES - Conheça a Vila do Azeite em Esteio


Perfil de um município encravado na Região Metropolitana de Porto Alegre

Esteio é um município de 32,5 Km², localizado entre grandes cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre. Sua proximidade com a capital gaúcha, apenas 17km do Aeroporto Salgado Filho, o torna estratégico para empreendimentos da área de logística, uma vez que seu território é praticamente urbano, lhe reservando pequenos vazios que impossibilitam empreendimentos maiores.
Com toda essa relação de urbanidade, quem vive em Esteio também possui uma intimidade com o que há de melhor no agronegócio em nosso País. O Parque de Exposições Assis Brasil, que sedia as edições anuais da Expointer, traz para o município essencialmente urbano o que há de mais avançado no agronegócio mundial. A cidade possui 66.133 eleitores, sendo 31.546 homens e 34.587 mulheres. Destes, 1.511 são analfabetos e 612 jovens com menos de 18 anos. A ligeira superioridade eleitoral das mulheres já se destacou na política do município que em legislatura anterior refletiu na paridade entre os gêneros. Em 10 vereadores, cinco eram mulheres. Atualmente são quatro, Marli da Saúde (PTB), Michele Pereira (PT), Jane Battistello (PDT) e Therezinha Heller (PPS). O município foi governado por dois mandatos por Sandra Silveira (PTB) e atualmente é governado pelo ex-vice-prefeito daquela gestão Gilmar Rinaldi (PT).

Uma cidade plural, em que tudo é muito intenso

A cidade abriga todos os conflitos inerentes aos centros urbanos, mas mantém em suas características aspectos de uma cidade do interior que salta aos olhos nos finais de semana, que parece estar abandonada. Entre as tensões cotidianas inerentes aos centros urbanos do nosso tempo está à diferença entre ricos e pobres. O município abriga uma pequena população com grande poder aquisitivo, que possui pouca relação com a cidade e suas urbanidades, que não é conhecida pelos populares e tem pouca influência direta sobre as atividades políticas e econômicas, com a exceção de algumas famílias que poderiam ser contadas nos dedos de uma mão. A cidade é da classe media e dos populares. Tal retrato reflete um pouco de tudo o que vivemos nos centros urbanos da região, porém as realidades são vividas em um pequeno espaço territorial, tornando tudo mais intenso e concentrado.

Nos limites da urbanidade

O antropólogo Darci Ribeiro foi à Amazônia para conhecer a cultura das tribos de índios brasileiros e permaneceu imerso por anos a fim de se aproximar dos costumes e as peculiaridades que tornaram sua obra fascinante. Em Esteio também temos populações desconhecidas, perdidas no tempo e que não sofreram diretamente os avanços da urbanidade que pavimentou a cidade nos últimos 50 anos. Nos limites da urbanidade existe uma localidade conhecida por muitos como a Vila do Azeite. O nome é decorrente da antiga proximidade com o Arroio do Azeite, que cortava as mediações da empresa de produção de azeite da BR-116. A comunidade desta localidade não se reconhece como uma vila e, tão pouco, com esse nome. Um dos patriarcas e pioneiros entre os moradores da região, Remi de Andrade Ferreira, reside há 44 anos no mesmo local. Na localidade residem até a quarta geração de Remi, que não considera o local uma vila, mas o espaço onde mora sua família e algumas pessoas a mais que foram se aproximando. Não há consenso entre os moradores quanto ao nome da rua, que dá acesso á dezenas de casas e liga a BR-116 aos trilhos próximos ao Rio do Sinos. Alguns chamam a rua de São Sebastião, por ter alguma referência em contas de luz. Para Remi, a rua que abriu com suas mãos não tem nome e a referência é a BR-116, Km 55.
O referencial de endereço é um dos pilares da cidadania, para o voto, para abertura de qualquer crediário, beneficiamento de programas sociais. Sem endereço fixo não é possível participar de forma efetiva dos processos urbanos, mas esse não é um problema para os moradores. Para Luiz Roberto, 43 anos, filho de Remi, que sempre morou na localidade revela que os carteiros conhecem a situação e eventualmente levam correspondências à localidade e tem como referência a casa do pai. A sobrinha de Remi, Noeli Ferreira, de 36 anos, também sempre morou na localidade. Tem seis filhos, três meninos e três meninas entre 4 e 16 anos. Não é casada e é beneficiária do Bolsa Família. Sua atividade profissional é fazer faxinas, que variam de R$ 15,00 a R$ 20,00, dependendo da residência e do serviço.

Entre os moradores da Vila, muitos votam em Sapucaia do Sul, outros em Esteio, porém a situação de seus títulos eleitorais é decorrente da dificuldade de comprovar residência. Além do fato de políticos terem registrado eleitores em Sapucaia do Sul em outras eleições, porém os eleitores perderam suas referências e continuam cadastrados no município vizinho. A grande reivindicação da comunidade é o aterramento de um arroio artificial, popularmente chamado de valão do papelão. Segundo Remi, o córrego dava vazão aos resíduos da fábrica de papelão antigamente, mas que foi canalizado, porém a área que passava rente ao terreno que abriga a vila está descoberta, causando imenso desconforto e problemas de saúde. A área é conhecida como foco de esquistossomose e recebe acompanhamento da Secretaria Municipal da Saúde. Os moradores depositam a confiança no Governo Federal, que em virtude da construção da BR-448, aterrará o canal esquecido melhorando a qualidade de vida de toda aquela população.

Reportagem: Charles Scholl e Sérgio Heráclito Scholl Heinz
Urbanidades é uma parceria do Jornal Eco do Sinos com a Esparta – Ação Tática e Estratégia.

Um comentário:

  1. Convido sapucaiense e esteienses a clicar abaixo:
    http://www.peticaopublica.com.br/?pi=TRENSURB

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