Heitor Hartmann*
Loiras, lindas, esbeltas, graciosas, delicadas. Assim são elas. Você acha que não?Repare só! Lábios finos, pele alvíssima como flocos de neve. Pequenas partes sedutoras cor de rosa. Gentil fisionomia, cupidez de volúpia, deleite, clamando por delícias. Faces carmins, túrgidos seios. Diria o poeta: “Quais inquietas borboletas bandoleiras”, esvoaçam de flor em flor, para encanto dos homens. Temos loiras de olhos azuis, loiras de olhos cor de mel, loiras de infinitas tonalidades, para gáudio dos apreciadores, fisgados pelo charme delas.
Vocês querem saber, leitores? Burro é quem nunca foi pensador, ao alinhavar um besteirol sobre as loiras. É um desmiolado e dono de um vazio abismal de sentimentos. Pensador é quem pensa. Quem pensa não vocifera achincalhes. Ele é apenas um bom cantor; porém, mau pensador. Este homem não merece as maravilhas de que são capazes as loiras. Deixemos que este pobre iludido continue na sua trilha, sem o prazer do aconchego dessas criaturas adoráveis. Vai passar pela vida em gélidas nuvens, sem ter vivido plenamente. As loiras, generosamente, lhe perdoam a petulância.
O que importa, leitor, é que nós sabemos a graça infinita com que elas arrumam seus belos corpos, em meneios sedutores. Olhamos, embevecidos, a elegância com que ajeitam seu exterior, para surpreender a admiração masculina. Como sabem enfeitiçar os homens! Tudo nelas contribui para isso: a brancura física, a limpidez da alma, o rosa do invisível, só exibido aos privilegiados dos momentos íntimos. Só eles vão entender o que se diz aqui. Os outros ficarão a imaginar!
Ah! as loiras... Inspiram poetas, escritores, românticos de toda estirpe. Fazem nos sonhar com semblantes líricos e partes íntimas, ao feitio de biquinhos cor de rosa, enlouquecedores. Elas, as loiras, tonteiam os transeuntes desprecavidos, em assomos de embaraços e enleios, provocando curtos-circuitos sentimentais. As loiras machucam fundo corações desprevenidos, almas desacauteladas. Merecem a simpatia, a devoção, o fascínio dos incautos adoradores e o respeito pela inteligência delas. Burras são as letras do infeliz “pensador”, às voltas com o seu cruciante dilema na vida: “Todo ignorante tem a sua filosofia e todo filósofo tem a sua ignorância.”
Descartes já pontificava, em latim: “Cógito, érgo sum.” Traduzido: “Penso, logo existo.” (Coloquei acentos, mas, no latim, eles não existem.). Já os pensadores tomistas alegavam: “Sum, ergo cogito.” Vertido: “Existo, logo penso.” No entanto, usando uma “boutade” (dito espirituoso), diríamos: “Nem todo ser humano vivo pensa.” Os descabeçados que o digam. De certa forma, é o caso do nosso “pensador”, que tentou pespegar às loiras o qualificativo mais idiota, mais burro de um cantador metido a filósofo. Vocês, fantásticas loiras, estão muito acima disso, fascinantes criaturas!
Professor – Jornalista - Escritor
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