Por Gildo Doebber
Associação Cultural José Marti
Neste ano ampliei minha participação junto a Associação Cultural José Marti, ao integrar sua diretoria executiva na gestão de 2012 a 2014. A Associação está consolidando suas atividades no Rio Grande do Sul. No dia 24 de novembro, a José Marti promoveu o I Encontro Estadual de Brigadistas. Como pudemos compartilhar com os leitores do JES ao longo de 2012, participei da Brigada de Solidariedade ao povo Cubano no início deste ano, junto com meu irmão Paulo que mora em Canela.
Como bem relatou o jornalista Alexandre Haubrich do Jornalismo B ao definir as brigadas em recente publicação. “As Brigadas são viagens militantes de ativistas de toda a América Latina a Cuba, onde têm a possibilidade de participar de uma programação de palestras, debates e visitas especialmente preparadas para isso, conhecendo as faces da Revolução que não aparecem na mídia dominante, derrubando o muro do bloqueio midiático sofrido pela ilha.

A parte da manhã foi o momento em que Brigadistas de 2010, 2011 e 2012 relataram suas experiências em relação a temáticas específicas. Sandra, Brigadista de 2010, falou sobre a Educação em Cuba, destacando o funcionamento da Escola Latino-Americana de Medicina (Elam) e da Escola de Artes, além das organizações estudantis: Federação Estudantil do Ensino Médio, União da Juventude Comunista e Federação Estudantil Universal. Também representando as Brigadas de 2010, Guilherme e Felipe falaram sobre a importância da defesa dos Cinco Heróis em Cuba, os agentes de inteligência cubanos que foram presos nos EUA quando estavam infiltrados em organizações terroristas que atuam contra a Revolução Cubana, em história retratada recentemente no livro “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”, de Fernando Morais.
Quatro Brigadistas de 2011 falaram sobre as funções dos Comitês de Defesa da Revolução (CDRs), espalhados pelos bairros de Cuba, cujo funcionamento se assemelha às associações de bairro, com a adição de um caráter político e politizador fundamental e de uma participação absolutamente ativa na vida cubana. Dentre as funções dos CDRs estão apoios relacionados à vigilância, Educação, eventos culturais, vacinações e a organização, a nível local, do processo eleitoral.
Por fim, Renata, Fernando e César, Brigadistas em 2012, falaram sobre a questão do abastecimento em Cuba, apresentando as principais vias rodoviárias, portuárias e aéreas pelas quais circulam as mercadorias no país e algumas das dificuldades causadas pelo bloqueio econômico estadunidense.
À tarde, mobilização e emoção
A segunda parte do Encontro foi dedicada a duas palestras densas, com caráter mais amplo e aprofundado do que as rápidas falas da manhã. Rafael Balardin, professor de Relações Internacionais da Unipampa, falou sobre o bloqueio midiático sofrido por Cuba, através do qual são sonegadas da população de boa parte dos países capitalistas – incluindo o Brasil – informações sobre a realidade cubana. A cobertura sobre Cuba, quando há, é pautada por estigmatizações e ataques a partir de situações que pouco têm a ver com os fatos.
A palestra final foi de Ruth Ignácio, professora da PUCRS e doutora em Educação e Sociologia. Foi uma fala forte, contundente, que partiu da temática do Sistema Político Cubano mas acabou abordando uma grande diversidade de temas relacionados direta ou indiretamente, desde a sociedade cubana até a história da Revolução e o contato que Ruth teve com os cubanos quando esteve por lá. Em mais de um momento Ruth se emocionou, chegando às lágrimas ao lembrar que os sonhos dos cubanos não são individuais, mas coletivos, solidários e buscados com confiança na vitória.
Sobre o Sistema Político, a professora explicou que o Partido Comunista não governa e não influi diretamente no processo eleitoral: “60% dos deputados não são do Partido”, complementou. Falou também dos presos políticos, criticando a situação mas destacando que existem presos políticos em todos os países, e que Cuba precisa acabar com esse problema e tem possibilidade de avançar nesse sentido: “Cuba não se fez, Cuba se faz”, disse.
A fala de Ruth terminou de forma apoteótica, fortemente aplaudida pelos cerca de 50 presentes após lembrar Che Guevara: “Se vocês ficam indignados com a injustiça, com a miséria, com a corrupção, e se vocês defendem a Revolução Cubana, a América Latina e a África, então nós somos companheiros e companheiras.” (Jornalismo B).
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