sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Agentes do Justiça Comunitária atendem primeiros casos em Esteio

Os 18 agentes comunitários de mediação de conflitos do primeiro núcleo do projeto Justiça Comunitária em Esteio nem terminaram as aulas de formação e já estão atendendo os primeiros casos. Tendo como base o Território de Paz do Parque Primavera, a ação busca que os conflitos entre vizinhos se resolvam sem a necessidade de ações na Justiça, assim como auxilia aos moradores na busca de direitos.


“Nossa intenção é evitar que o conflito chegue a um tribunal, evitar a violência e quebrar a intolerância que às vezes existe entre os vizinhos. O propósito é construir uma comunidade na qual as relações se fortaleçam dentro dela”, diz o pedagogo do programa, João Werlang.

O primeiro caso envolveu Adriana Barbosa Guimarães, 38 anos. Moradora do bairro, ela estava tendo problemas com o barulho causado pelos vizinhos. Conversando sobre a situação com integrantes de outro projeto do Território, o Mulheres da Paz, foi orientada a buscar o Justiça Comunitária. “Não queria levar o caso para a polícia e acabar fazendo um estrondo muito maior”, comenta.

Coube às agentes comunitárias Maria Cristina Trindade e Maurícia Freitas Luz analisar o problema. “Fomos lá, ouvimos a Adriana e depois fomos escutar as versões dos outros dois vizinhos. Aí confrontamos os fatos e debatemos a situação em sala com os colegas do curso. Foi preciso retornar ao local três vezes até chegar a uma solução boa para os dois lados. É um exercício de paciência. Um cede um pouco, o outro também, até chegar a um consenso”, afirma Maria. “Ajudou bastante, agora já estão respeitando o meu espaço”, complementa Adriana.

Principal desafio é mostrar que agentes não são da Justiça nem da polícia

Os selecionados para fazer parte dos agentes de mediação de conflitos do Justiça Comunitária em Esteio também são moradores do Primavera. Tudo para facilitar a aproximação com os vizinhos e o conhecimento sobre a realidade da comunidade. “Como morador, a gente tem acesso às pessoas, sabe como chegar em cada um”, diz Maurícia.

Ainda assim, eles têm o desafio de convencer que não estão ali para fazer justiça nem atuar como polícia. “Temos que desmistificar que não estamos ali para julgar ou criticar, nem somos dedos-duros. Evitamos ir sozinhas aos locais, até para não acabar favorecendo alguém. Queremos apenas apaziguar uma situação. É preciso ter calma, passar tranquilidade para as pessoas, manter o equilíbrio, nos colocar no lugar delas. Deixamos as pessoas falar, acabamos servindo de psicólogo muitas vezes”, aponta Maria.

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